Recebemos de Alexander um depoimento comovente (veja em “depoimentos”) juntamente com este lindo poema em homenagem à JOYCE. Espero que vocês a apreciem tanto quanto nós.
Fiquem na Luz!
MAS TEU CORAÇÃO, NAS ESTRELAS…
O mundo aqui segue na esteira das lembranças.
O tempo passa, é certo, mas onde a distância?
Da tua luz a Imensidão fez o Seu farol.
Amarguras, tristezas, sempre há quem fazê-las
Mas teu coração, nas estrelas, surgiu.
Desperta agora como um sonho que sumiu,
Apenas para lembrar que não partiu.
Todo mundo no fundo sabe: a distância maior
É estar longe do próximo,
E, nas estepes da lonjura da proximidade,
Não importa o que penso,
Não importa o que faço.
Para a certeza da dúvida, basta um passo,
Estrelas faltam dentro, fora, em térreo ou terraço.
Menina Joyce, será que eu também te nasço
Enquanto me renasces com tuas palavras,
Douradas como a cor dos teus cabelos?
Amarguras, tristezas, sempre há quem fazê-las,
Mas teu coração, nas estrelas, em inspirar
Me diz:” se aceitas o bem, para ficar
Ele joga teu coração para o ar”.
A tua luz transcende e dissipa a escuridão.
A menina fala e, então, “calço” as palavras tais
Como se fossem calçados da empresa de seus pais[1].
A inteligência atravessada de luz
Tão gigante se conduz, chegando neste mundo qual tropel.
Aráutica existência, a sabedoria é seu véu
E lhe faz anel de ouro… no dedo do céu.
Quando houve a contemplação do teu desfalecer,
Um casal perdeu-se de seu próprio coração.
O céu rachou e o arco-íris derreteu.
Amarguras, tristezas, algo sempre há de trazê-las
Mas teu coração, nas estrelas, mui nobre e liso
Veio derramar um afago tão preciso,
E a mera vida fez-se plena… do teu sorriso.
João-Homem-Grande é teu pai[2].
Agasalhado ao manto de Mãe Maria[3],
Lida com o dia-a-dia dos corações que ficaram.
Racional e valente, é muralha contra a dor.
Mas por afeto e teu favor, que se acaloram,
Ele sabe que valentes homens também choram
Por filhas do amor, que tanto adoram.
Tua mãe também é luz[4], o feminino da vida
Fruto das raízes, sutilezas e sonhos desta terra.
Procura entender sem ser preciso provar nada[5].
Amarguras, tristezas, sempre algo vai fazê-las
Mas teu coração, nas estrelas, com amados e brilhantes caduceus
Chega e diz, “mãe, me conta todos sonhos teus,
Que neles vou formar canções de Deus”.
Certa feita, Tua forma desenhou-se no ar,
E enriqueceu a mera vida.
Que viesse o relâmpago, que viesse o trovão,
A melodia da tua presença era um refrão, tão somente ‘inda mais apaixonado.
“Eu sou o que o amor em mim ungiu”
Disse a filha-tesouro, volvendo ao lar donde surgiu
Para dizer que amar é algo mais sutil.
E tudo ficou tão claro, extinguindo a escuridão.
Era a menina mesma, encarnando a proximidade.
Tão menina e madurando a pulsão do Espaço.
Dúvida e saudade, quando não se há de tê-las?
Mas teu coração, nas estrelas, em alegria interna
Disse as palavras que exala e externa
Uma doce menina, que é eterna.
Apenas é possível fazer o que se pode.
Por isso fazes o que podes,
Por isso tuas palavras, por isso pensas e amas,
Na esteira de coisas tantas
Tanto belas como santas, o espírito em tudo é transformador.
O alívio é a tarefa, a lembrança é o clamor
Da fé, da esperança, do amor.
A menina do sorriso que agarra
É tão simples, tão menina,
A faceirice que é séria, aconselhando alegria
Amarguras, tristezas, sempre há quem fazê-las
Mas teu coração, nas estrelas, devagarzinho
Enxuga olhos lacrimosos com carinho,
Pois cabem apenas glórias no puxadinho[6].
Não és superior apenas por cursos e vivências.
Em frente ao teu sorriso, um aprendiz logo vê seu lugar.
Uma menina, uma bonequinha vem para ensinar
Um professor como eu a lecionar[7].
É assim que acontece de forma sensata:
A Tua Palavra escrita, tão exata
Vivifica o que o espírito mata[8]…
… Quando, triste, apenas quer o que acha certo.
O que é o ser humano senão a tentativa-erro de si mesmo
No nascedouro da experiência de cada dia?
Amarguras, tristezas, sempre se há de vê-las
Mas teu coração, nas estrelas, na voz-madrugada ou vespertina
Me diz que é belo pensar no amor que não termina
Crendo, muito crendo na Palavra da menina.
Tua presença será sempre bela, cheia do mistério elevado
Do pássaro que sombreia a lua, das aves manchando o pôr-do-sol.
Quão imatura é a descrença no poder do teu sorriso.
Na capa do livro da Tua Palavra, lá ele está,
E onde quer que ele vá, despedidas meninas são cheias de retorno
Repletas de um calor que é quase um forno
Tão belas como as estrelas que há no entorno[9].
O mundo vai seguindo na esteira das lembranças.
O tempo passa, correto, mas onde a distância?
Da tua luz a Imensidão fez Seu farol.
Amarguras, tristezas, o mundo muito ‘inda há de tê-las,
Mas teu coração, nas estrelas, surgiu
Pra sempre despertar tal como um sonho que sumiu
Apenas para lembrar… que não partiu.
Dedicado a Joyce Grossmann
Pela palavra que consola sem limites,
Por ser uma companhia que, tendo ido,
Sempre está por perto,
E a Luiza Kehl e John Grossmann,
Que criaram Joyce com a verdadeira medida do amor,
Que é o amor sem limite.
Respeitosamente,
Odi Alexander Rocha da Silva
06 de janeiro de 2012.
[1] Alusão à ocupação dos pais de Joyce, uma empresa exportadora de calçados.
[2] Trocadilho alusivo ao nome híbrido (inglês e alemão) do pai de Joyce, John Grossmann.
[3] Nas correspondências que envia a Joyce, transcritas no livro “A Morte não Existe – O Fim é Apenas o Começo”, de Joyce Grossmann, psicografado por Luiza Kehl, John Grossmann deseja que Joyce seja resguardada pelo manto de Mãe Maria.
[4] Referência à origem latina do nome Luiza, que significa luz, vocábulo “parente” do termo Lúcifer”, que, em latim, significa, “aquele que carrega a luz”. Por uma infeliz coincidência, Lúcifer era o nome de um dos “anjos malditos” que, conta a tradição católica, organizou uma rebelião no céu.
[5] Nas primeiras comunicações, Joyce chamou a atenção de seus pais para o fato de que suas comunicações não deveriam ser um incentivo para se provar nada, mas para incentivar a crença e, conseqüentemente, o amor.
[6] Lugar sagrado para a família de Joyce, dedicado à reflexão e espiritualidade.
[7] Alusão à profissão do autor que, de fato, é licenciado em Letras.
[8] Alusão à famosa frase do apóstolo Paulo em II Coríntios 3, 6: “a letra mata, mas o espírito vivifica”. No entanto, a falta de fé por vezes mata muitas oportunidades de crescimento, o qual volta a ser incentivado por uma palavra de amor. No caso da palavra de Joyce, uma palavra escrita.
[9] Referência à capa do livro “A Morte não Existe – O Fim é Apenas o Começo”, de Joyce Grossmann, psicografado por Luiza Kehl. Na capa, vê-se o rosto sorridente de Joyce cercado pelas constelações.
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